sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Quebra de promessa

Oi pessoal!

Diferente do que é de costume para mim e para a época, venho pedir desculpas pois não cumprirei minha promessa em relação às postagens de minha viagem. Vai ficar como resolução para 2011. E está quase decidido, serão as últimas atualizações do blog neste endereço - vou (ou melhor, espero) investir meu tempo no meu novo site.

Ciao!!!

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Reprise?

Oi pessoal!

Andei pensando ultimamente, mas ainda não decidi qual o rumo que tomará o blog. Acho que ele perdeu sua utilidade principal, que era de manter um contato diferente com meus amigos e familiares do outro lado do Atlântico, uma vez que, agora, estamos do mesmo lado.
Prometo terminar as postagens da minha viagem aos países nórdicos até o final do ano e até lá decido (ou não) se continuarei a postar algo.
Tem algumas coisas que eu pretendo postar antes de um eventual "fim" do blog, prometo também que sairá alguma coisa antes de 2011.
Acho que não vale mais a pena ver o blog como um "diário", como eu fazia, mas sim como um site com conteúdo variado.
Se alguém tiver sugestões, elas são extremamente bem-vindas (isso se alguém ainda ler este blog...)

Tschüss!!!

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Retour

Oi pessoal!

Como já dissera, a viagem Paris - São Paulo foi muito tranquila, apesar de meus muitos quilos de bagagem. Saí de Orly na quarta (25/08) cedinho, fui para Madrid e lá peguei meu long courrier para São Paulo. Tive bastante sorte com as malas, pois estava com 2x28 kg, enquanto o permitido é 2x23 kg. Além disso, tinha meu mochilão nas costas, com mais vários quilos, e meus dois computadores na mão, em outra mochila. Ah, não poderia esquecer de meu mapa gigante de Paris do século XVIII, que consegui trazer sem um único amassado. Os dois voos estavam relativamente vazios, por isso o conforto até que foi razoável.
Antes do pouso em Cumbica, o piloto anunciou a temperatura, de 30ºC, que não acreditei, pois alguns dias antes fazia 15ºC na capital. Mas assim que saí do avião, percebi que era verdade e, além disso, meu nariz notou bem rápido que a umidade estava bem baixa.
Estou percebendo aos poucos que esses dois anos já acabaram. Não está sendo tão difícil, por enquanto os maiores choques foram o céu cinza e o preço dos restaurantes. Já peguei congestionamentos, voltei para casa à noite apreensivo, fui à 25 de Março, ao Shopping Eldorado, à USP, comi no bandejão, andei de metrô (que não cheira mal mesmo lotado!), voltei a jogar meu Wii, enfim, estou aos poucos retomando minha antiga vida paulistana. Mas não sei se é exatamente isso que eu quero. Não posso retomar minha antiga vida depois desses dois anos. Meu objetivo daqui em diante será então mudar minha antiga rotina, principalmente conhecendo um pouco melhor as regiões em torno (de dentro) da cidade de São Paulo.
Quanto ao blog, ainda não sei se continuarei atualizando-o. Em princípio sim, veremos.

Arrivederci!!!

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Musée du Louvre - 24ème fois

Oi pessoal!

Uma de minhas prioridades para meus últimos dias em Paris era visitar meu museu preferido mais uma vez. E isso foi feito segunda à tarde. Nesse dia, não tive tanta sorte com burocracias quanto no sábado, muito pelo contrário, mas pelo menos à tarde pude descansar passeando pelas salas do museu.
Pela primeira vez em 24 visitas, tive que passar por uma fila enorme antes de passar pela segurança, mais uma pequena fila para pegar meu ingresso (eles insistem em exigir um "ingresso gratuito"). Eu detesto filas, mas fugir daquela estava totalmente fora de cogitação, uma vez que o museu não abre de terça-feira. Desconheço totalmente o motivo, só sei que quando fui embora já não havia fila alguma.
O roteiro foi o mesmo que faço quando sou "guia": pinturas italianas e francesas, antiguidades orientais, egípcias e gregas, esculturas francesas, apartamentos de Napoléon III. Não tirei fotos, pois já tenho o museu inteiro catalogado, o que, confesso, me deu uma maior liberdade na visita.
Visitar o Louvre é algo que vai para o Top10 de coisas de que mais sentirei falta de minha vida parisiense. E que certamente farei de novo em breve. Preciso antes perder os escrúpulos e ficar rico rapidamente para poder voltar uma vez por ano.

Ciao!!!

Eurodisney - 4ème fois

Oi pessoal!

Depois da desastrosa chegada em Paris, consegui resolver vários pepinos no sábado e também praticamente terminar minhas malas. Com isso fiquei bem contente pois teria os três dias a seguir mais livres para passear pela cidade. Já estava combinado com umas amigas que no domingo iríamos à Disney, para eu aproveitar o já mencionado passaporte de 6 meses que ganhei do Mickey.
O tempo não estava tão bom quando no sábado, mas estava ideal para um dia na Disney: parcialmente nublado e temperaturas agradáveis (lembrando que não é nada agradável ficar naquelas filas enormes sob o sol).
Os parques estavam bem cheios pela manhã, por isso nosso aproveitamento não foi lá aquelas coisas, mas à tarde o parque foi esvaziando e pudemos ir em mais brinquedos. No total, pudemos ir a praticamente todas as principais e melhores atrações (em alguns casos mais de uma vez) e a outras também. Fomos embora às 23h30, depois da parada de encerramento e dos fogos de artifício, muito bonitos (mesmo nível que os de Versailles).
Estava exausto, mas bem feliz. Como disseram certa vez uns amigos: "quem disse que felicidade não se compra?" Bem, rigorosamente em meu caso, não cheguei a pagar nada (apenas meu jantar), mas vale para as pessoas em geral.

À bientôt!!!

N'importe quoi sur le RER B - Epílogo

Oi pessoal!

Muito tolo da minha parte pensar que aqueles contrôleurs no T3 seriam minhas últimas desventuras nos transportes parisienses. Na volta de minha viagem, tive uma ótima surpresa, uma das melhores que o RER B já me proporcionou.
Sempre que volto de viagem pelo aeroporto CDG à noite, fico um pouco apreensivo com a hora, pois já tive que correr várias vezes para não perder o último trem em direção ao sul. Desta vez não foi diferente: assim que vi que meu voo estava uma hora atrasado em Helsinki, comecei a fazer minhas contas para ver a que horas chegaria em Paris. Em princípio, ainda tinha uma certa margem, pois ele deveria chegar por volta das 23h30 e o último trem sai pouco depois da meia-noite. No entanto, nem tudo correu como eu queria.
Primeiro, o avião demorou 15 min para chegar da pista de pouso até o terminal (desvantagens de low cost). Assim que chego nas esteiras para pegar minha mala, mais duas ótimas notícias: as malas demorariam mais 15 min para chegar e, por conta de trabalhos na linha, o RER B seria substituído por um ônibus das 23h à 1h até 2012 (sim, até 2012) no trecho em obras. Pelo menos aquela 1h me tranquilizou.
Chegando no terminal de ônibus (que não fica nada perto do terminal onde eu chegara), vejo um Noctilien preparando-se para receber os passageiros. Acontece que Noctilien não é ônibus de substituição, pois ele faz uma rota totalmente diferente da linha do RER B (quando há esse tipo de substituição, eles colocam um ônibus que para em todas as estações que o RER pararia, para facilitar correspondências), por isso fui perguntar para o motorista se aquele era o tal ônibus. Ele não soube me dizer. Nem os outros motoristas que estavam por lá (que, por sinal, nem sabiam que havia um ônibus de substituição). Percebi que o dito cujo não operava mais àquela hora (0h10).
Isso me deixou profundamente irritado, pois eu não teria a menor chance de pegar o RER B depois do trecho em obras e consequentemente teria de pegar outro Noctilien para chegar em casa. Isso em Gare du Nord, a pior região da cidade.
Obviamente, eu não era o único na situação, e apenas uma parte das pessoas que estava lá conseguiu entrar no ônibus (assentos limitados). Falta de informações, motorista mal educado e que nem falava inglês. Lembrem que estava em um aeroporto internacional, na cidade que recebe mais turistas do mundo. É realmente uma vergonha. À medida que o ônibus passava por outros pontos, eu só via mais e mais pessoas que teriam de esperar mais uma hora pelo seguinte, pois ele estava lotado.
Cheguei em Gare du Nord, não recebi resposta do motorista mal educado sobre onde era o ponto do outro ônibus e fui me virar. Naquela região linda (única que me dá medo em Paris). A sorte é que sei como funciona o sistema de transportes da cidade e sei ler francês, pois consegui até que rapidamente encontrar um ponto que mostrava o local do meu ônibus. Daí para frente, não houve mais imprevistos. Cheguei na casa de meu amigo (lembrando que eu era sem-teto) às 2h30, 3h depois de aterrissar em Paris. Ou seja, demorei mais para fazer o trajeto CDG - Cité Universitaire que o trajeto Helsinki - Paris (~2h30).
Foi a recebida calorosa da cidade para meus quatro últimos dias.

Tschüss!!!

20/08/2010: Helsinki

Oi pessoal!

22º dia de viagem:

19/08/2010: Savonlinna

Oi pessoal!

21º dia de viagem:

18/08/2010: Savonlinna

Oi pessoal!

20º dia de viagem:

14/08/2010: Stockholm

Oi pessoal!

16º dia de viagem: verão, ilha do barco, ilha velha, Nobel, KFUK-KFUM, ilha dos cavaleiros, funerária, pedra do norte, comércio, manifestação, terraço da cultura, castelo da rainha, português, visita guiada, balões.

Depois de uma quente, abafada e barulhenta noite, acordei de madrugada com pessoas levantando-se para fazer check-out. Enrolei um pouco ainda na cama, mas quando vi o céu azul e o sol entrando pela claraboia, animei-me para levantar.
Depois de um café-da-manhã bem saudável (torradas suecas com cream cheese e uma maçã), fui dar uma volta pela ilha onde fica o albergue, a Skeppsholmen (ilha do barco - barco do albergue). Estava super cedo (não eram nem 7h), por isso a ilha estava quase vazia e a temperatura estava agradável (uns 20ºC). Durante minha caminhada, encontrei um fungo gigante em uma árvore, uma teia de aranha enorme cheia de presas perto de uma grade (quando eu encontraria isso em São Paulo?) e passei por alguns dos pontos mais turísticos dela, como uma fortaleza ("cuidada" por soldados do sexo feminino), o Moderna Museet, o Arkitekturmuseet e o Östasiastiska Museet (só viria a visitar o primeiro).
(fotos Skeppsholmen)
Da ilha do barco fui à ilha velha, a Gamla Stan, onde, como o verdadeiro significado do nome (centro velho) indica, ficam as construções mais importantes historicamente para a cidade. É um lugar espetacular, cheio de casarões muito bem conservados e com estilo arquitetônico bem particular, além de outras construções maiores e mais importantes, como o Kungliga Slottet (Palácio Real), a Storkyrkan (Grande Igreja) e o Nobelmuseet (que fica na Academia de Ciências). O Kungliga Slottet e a Storkyrkan eu deixei para visitar no dia seguinte (dica de viajante: se o dia está bonito, aproveite para caminhar e apreciar os exteriores; se está ruim, aproveite os museus, igrejas, restaurantes, lojas etc.), por isso todos os detalhes culturais ficarão para depois, mas neste dia presenciei uma cena engraçada: bem na entrada principal do palácio, vi uma turista "paquerando" o guarda do palácio, que descobri ser armeno e bem pouco concentrado em seu trabalho. Já o Nobelmuseet eu não cheguei a visitar, por falta de tempo, mas posso dizer que é lá onde ocorre a decisão dos premiados (a entrega ocorre em outro prédio histórico de Stockholm, que mencionarei em breve). Outro destaque de Gamla Stan é a Skeppsbron (ponte do barco), que na verdade é uma avenida marginal, do lado leste da ilha, onde a concentração de casarões é bem grande. Entre eles está a sede da KFUK-KFUM sueca. O nome era familiar, depois de um tempo consegui lembrar onde o vira: no albergue em Ålesund. Mas só descobri depois de voltar o que era a tal da KFUK-KFUM (o que me atraiu foi o nome engraçado): uma associação de apoio a jovens, uma espécie de grupo de escoteiros. Enfim, vale lembrar que os detalhes de Gamla Stan também merecem atenção, como as cabines telefônicas e as "placas" com os nomes dos restaurantes, bares, lojas etc..
Na parte oeste de Gamla Stan encontra-se a Riddarholmen (ilha dos cavaleiros). Lá se destacam dois pontos: a Riddarhuset, casa (na verdade, um petit château) dos nobres/cavaleiros que abriga brasões de mais de 2000 famílias suecas; e a Riddarholmskyrkan, pequena e bela igreja que visitei e que abriga as tumbas dos principais monarcas suecos. Ela é uma das construções mais antigas de toda Stockholm, e lá estão as tumbas de todos os monarcas suecos desde Gustav II Adolf, com exceção da rainha Kristina (enterrada na Basilica di San Pietro) e do rei Gustaf VI Adolf (pai do atual rei da Suécia). O avô de Gustav II Adolf, o famoso Gustav Vasa (lembram dele?), também não está lá (ele fica em Upsala).
Depois de tanta cultura antiga, fui em direção à parte mais nova de Stockholm, Norrmalm (pedra do norte), que - pasmem - fica ao norte de Gamla Stan. No caminho, passei pelo Riksdagshuset (Parlamento), uma bela construção neobarroca que infelizmente não consegui visitar.
Não era meu objetivo neste dia conhecer Norrmalm inteira. Meu plano era aproveitar a tarde ensolarada (e quente - mais de 30ºC!) no belíssimo Drottingholm slott. Mas no caminho até o T-bana (abreviação de Tunnelbana, o metrô de Stockholm) pude ver bastante coisa já. Passei basicamente por duas ruas, a Drottninggatan (rua da rainha) e a Klarabergsgatan. A primeira é uma rua exclusiva de pedestres, cheia de lojas (principalmente para turistas), restaurantes e pessoas. Muitas pessoas. Foi nessa rua que comprei minha bandeira da Suécia. Ela cruza com a segunda, perto de Sergels torg (torg = praça), a praça central de Stockholm, nomeada em homenagem ao escultor Sergel que possuía um ateliê na região. Muitos consideram-na a região mais feia de Stockholm, pela arquitetura mais moderna e pelas ruas mais largas, aos moldes "americanos". Eu acho a classificação injusta. O estilo das construções é diferente, não podemos chamá-lo de feio. Pelo contrário, gostei bastante da praça. Quando passei por lá, havia algum tipo de manifestação cultural, uma espécie de workshop a céu aberto, diferente de tudo que já tinha visto. Enquanto eu observava e tentava entender o que acontecia, um senhor completamente aleatório me abordou e me falou do terraço da Kulturhaus, de onde se tinha, de acordo com ele, uma bela vista dos entornos. Segui seu conselho e entrei na casa de cultura, uma espécie de Centre G. Pompidou, que abriga mostras de arte contemporânea, restaurante, livraria etc. e um terraço. O terraço, na realidade, é parte do restaurante, mas o acesso a ele é livre e estimulado. A vista da Sergels torg é realmente muito legal.
Depois de todas essas atividades, não era nem 12h (lembrando que comecei meu passeio antes das 7h), mas minhas pernas e meu estômago reclamavam. Aproveitei o almoço para descansar um pouco também e depois fui ao ofício de turismo, onde peguei folhetos muito legais sobre muitas atrações turísticas de Stockholm. Abro um parêntesis para uma confissão (na verdade, alguns já sabem disso): sou viciado em folhetos turísticos. Se pudesse, traria todos que peguei, mesmo daqueles lugares que não visitei. Mas infelizmente a vida é cruel e as companhias aéreas são mesquinhas e não me deixam transportar quilos ilimitados de papel. Fecha parêntesis.
De lá, segui pela Klarabergsgatan até a T-Centralen, estação central de metrô de Stockholm. Depois do metrô, ainda tive que pegar um ônibus até o castelo, no total estimo que o trajeto leva cerca de 30 min. No meu caso, foi um pouco prolongado por uma interrupção misteriosa no trânsito, quando o ônibus estava em cima de uma ponte. Para os que têm recursos (dinheiro e tempo) sobrando, é possível fazer o trajeto de barco, o que deve tornar o passeio mais agradável ainda. Eu fiquei bastante contente chegando de ônibus mesmo.
Drottingholm slott é um ponto obrigatório em Stockholm para os viciados em castelos como eu. O castelo, considerado como o Versailles sueco, serve até hoje como residência para a família real durante o verão, por ser considerado frio. Naquele dia, ele estava bem longe de frio. Certamente foi o dia mais quente de minha viagem. Apesar do sofrimento, poderei falar que faz, sim, mais de 30ºC na Escandinávia!
Voltando ao castelo, comecei o passeio pelos jardins. Muito bem cuidados e com várias fontes (ligadas ininterruptamente, ao contrário das homólogas eco-chatas francesas), eles lembram mesmo o domaine de Versailles, principalmente por causa de seus bosquets. Além dos jardins, destaca-se no parque o Kina slott (Pavilhão chinês), um simpático casarão em "estilo oriental".
Antes de visitar o interior do castelo, descansei um pouco sob a sombra das árvores. Lembro agora de um fato curioso: encontrei um moçambicano durante o passeio, que não sei como descobriu que eu era brasileiro (não lembro de estar ostentando nenhum símbolo nacional nem de falar sozinho em português...).
Durante a visita guiada, aprendemos muitas curiosidades e fatos sobre o castelo. Por exemplo, ficamos sabendo que ele foi construído no século XVI no estilo barroco-rococó (que os suecos parecem tanto adorar) pelos arquitetos Tessin pai e filho a pedido da rainha Hedvig Eleonora. Durante a visita, passamos por uma sala bem interessante onde há retratos de vários monarcas da época (de outros países) e também por uma biblioteca bem grande (a rainha era muito amiga de Carolus Linnaeus, biólogo considerado pai da Taxonomia).
Depois da visita, fiquei mais um pouco no jardim e então peguei o ônibus de volta a Stockholm. Estava cansado e já era um pouco tarde (17h), então fui direto para o albergue. Tomei banho, jantei e fui apreciar o belo pôr-do-sol. Ou melhor, o quase-pôr-do-sol, porque o sol demora muito para se pôr, mesmo quando está perto do horizonte. O céu estava muito bonito, avermelhado, e havia até balões sobrevoando a cidade-arquipélago!
Foi um dia excelente: tempo bom e muitas atrações.

À plus!!!

15/08/2010: Stockholm

Oi pessoal!

17º dia de viagem: Vasa, barco, frio, PEG, pérolas, tesouro, barroco, ritmo brasileiro, cópia, estrela do norte, exibicionismo, teste de resistência, Nobel, PUB, mercadão, ópera, arte moderna, praga.

Meu segundo dia em Stockholm foi um pouco diferente do primeiro. O tempo estava bem feio, cheio de nuvens no céu e com previsão de chuva. Pelo menos, a temperatura estava mais agradável. Eu já esperava por isso, assim deixei para visitar alguns dos muitos museus da cidade (Stockholm tem uma lista de museus muito bons, suficientes para vários dias chuvosos).
Como meu tempo não era tão abundante, tive que fazer uma seleção bem rigorosa dos museus que visitaria, levando em conta, além do conteúdo em si, sua extensão. Foi por esse critério que acabei não visitando o famoso Nordiska Museet, museu dedicado à história dos países nórdicos que fica em um belíssimo prédio. Felizmente, ele fica bem perto do Vasamuseet, por isso ao menos pude apreciar parte externa da construção.
O Vasamuseet foi o primeiro museu que visitei neste dia. Cheguei lá poucos minutos antes de abrir, por isso pude andar com certa tranquilidade no início. Este foi o museu de que mais gostei em Stockholm, e também um dos mais exóticos a que já fui. Ele é dedicado a um navio de guerra do século XVII, o Vasa, que nunca chegou a participar de uma guerra, pois afundou em sua viagem de inauguração.
Foi em meados do século XX que Anders Franzén localizou, depois de anos de trabalho (e de ter mapeado o arquipélago), o navio naufragado nas proximidades de Stockholm. A subida foi gradual e bem estudada, para minimizar danos à sua estrutura, e depois de dois anos, ele estava de volta à superfície. Seu último trajeto, até o local onde foi construído o Vasamuseet, foi até transmitido pela TV.
Sua restauração foi um outro megadesafio. A madeira estava toda impregnada de água, mas se esta fosse retirada, a estrutura do barco ficaria comprometida. Por isso, foi utilizada uma técnica de secagem a frio, enquanto PEG (poli-etileno-glicol) era borrifado para substituir a água da madeira. O processo durou 17 anos, durante os quais os pesquisadores trabalharam para resolver o quebra-cabeças da montagem do barco. Enfim, em 1990, o museu abriu ao público exibindo um barco supostamente 95% igual ao original. O resultado é impressionante.
O barco é enorme, com quase 70 m de comprimento, mais de 50 m de altura (com mastros) e 64 canhões, podendo abrigar 450 pessoas (150 da tripulação e 300 soldados). Mas o Vasa não era apenas um navio de guerra. Ele era uma obra de arte, com belas esculturas em madeira decorando sua popa. Isso tudo para mostrar às outras nações quão poderosa era a Suécia.
O museu possui vários andares, sendo possível chegar bem perto de várias partes do barco. Em cada um deles, há exposições com temas diversos, como a construção, restauração, sociedade da época e também um filme resumindo os fatos acerca do Vasa. Para os mais afortunados, é possível organizar um banquete no museu. Só não se deve esquecer de levar um agasalho, pois lá dentro faz bastante frio! E para os fotógrafos, não esqueçam de um tripé, pois dentro do museu é muito escuro!
Do Vasamuseet segui para o Kungliga slottet, onde eu faria uma visita guiada. Infelizmente, não é permitido fotografar em seu interior, por isso não poderei ilustrar o que contarei para vocês. Antes de visitar o palácio propriamente dito, contudo, fui à parte que guarda o Tesouro real, que inclui, principalmente, coroas e espadas de antigos monarcas. As peças são muito bonitas, variando do simples ao mais ostentoso, e incluem, por exemplo, as joias do famoso Vasa (eu disse que ele seria bastante mencionado). O lugar é pequeno e a entrada está inclusa em vários dos bilhetes de acesso ao palácio, por isso a visita é muito recomendada.
A visita guiada passa pelos principais ambientes do palácio, contando sua história e também curiosidades. Acredita-se que o palácio original já existia no século X, mas somente com Gustav Vasa, no século XVI, que o Tre Kronor (nome do antigo palácio, referência às coroas dinamarquesa, norueguesa e sueca) passou a servir como residência oficial da família real. Durante os séculos que seguiram, o poder da Suécia foi aumentando, e como forma de ostentação foi planejada uma reforma em estilo barroco. Poucos anos depois de iniciados os trabalhos, em 1697, ocorreu um grade incêndio e praticamente toda a ala antiga do castelo (o Tre Kronor) foi destruída. Tessin, o arquiteto responsável pelo projeto, apresentou novos desenhos para a reconstrução do palácio, em estilo barroco.
Inicialmente prevista para ser entregue em 5 anos, a família real só conseguiu mudar-se de volta 60 anos mais tarde (familiar?). No final, algumas das salas acabaram por não ser decoradas no estilo barroco originalmente previsto, mas sim em uma variação sua, o rococó. Vários elementos do castelo foram copiados de Versailles, como uma sala muito parecida com a Galerie des Glaces (Galeria dos Espelhos). Tive a impressão de que os suecos tinham alguma obsessão pela concorrência com os franceses, porque além da galeria, há uma referência interessante à Estrela Polar, símbolo da monarquia sueca. De acordo com a guia, o motivo da escolha é simples: ao contrário do sol (símbolo de Louis XIV), que se põe todos os dias, a Estrela Polar está sempre no céu, em seu auge.
Além da sala dos espelhos, destacam-se a Rikssalen (Salão de Estado), a Slottskyrkan (Capela Real), os Ordenssalarna (Apartamentos das Ordens da Cavalaria) e o salão de bailes.
Das curiosidades apresentadas, achei duas muito interessantes. A primeira é sobre o salão de bailes mencionado acima. Em duas ocasiões, soldados reais foram convocados pelo rei para testar a resistência do chão, pois festas importantes ocorreriam lá. A primeira foi na virada do milênio, quando supostamente os reis ficaram dançando até altas horas, e a segunda foi para o recente casamento real. Para simular o efeito de pessoas dançando, os soldados foram simplesmente ordenados para ficar saltitando no salão. A cena deve ter sido hilária.
A segunda curiosidade foi acerca da vida dos monarcas à época da reinauguração do palácio. Parece que o rei gostava muito de chamar atenção, por isso convidava pessoas da nobreza para assisti-lo durante suas atividades do dia-a-dia, como comer (lembrando que apenas ele comia e que cada refeição durava horas), trocar de roupa, dormir (de acordo com a guia, ele dormia de verdade em outro quarto, mais confortável, e poucos minutos antes de o despertador oficial tocar, ele ia para a cama mais bonita e fingia estar dormindo) e até para acontecimentos mais raros, como nascimento de herdeiros (enquanto sua esposa sofria, ele e seus convidados comiam, bebiam e se divertiam). Pelo que tenho visto em filmes, este foi mais um costume copiado da monarquia francesa.
Depois da visita do palácio, fui ao Museu de Antiguidades de Gustav III, que fica em outra ala do Kungliga slottet. Bem modesto, ele é formado por duas galerias com cerca de 200 estátuas. Mas o que chama mais atenção é o fato de ele ser um dos museus mais antigos da Europa, criado em 1794. Meu museu favorito, o Musée du Louvre (vai que alguém esqueceu), abriu suas portas em 1793.
Terminada a visita do Kungliga slottet, fui para a vizinha Storkyrkan, a principal igreja da cidade. É uma igreja muito bonita, com tijolos à vista e alguns detalhes como o coro dourado, uma bela estátua de São Jorge e o altar preto-prata muito bonitos. No dia, havia também uma exposição temporária de algum artista, que espalhara "pérolas" gigantes pela igreja. Além disso, é lá que ocorrem os casamentos reais e coroações de monarcas suecos.
Saindo da Storkyrkan, deparei-me com a troca da guarda, que ocorre nas redondezas do Kungliga slottet. Havia bastante gente e começava a cair uma garoa chata, por isso desisti de assistir e resolvi continuar meu tour pela cidade. Mais tarde eu me arrependi dessa decisão, pois acabei esquecendo de ir lá vê-la no dia seguinte, meu último em Stockholm.
Eu aproveitei a tarde na região de Norrmalm, começando pela Adolf Fredriks kyrka, mais uma igreja tipicamente nórdica, onde foi originalmente enterrado René Descartes (que descobrir estar hoje na Abbaye de Saint-Germain-des-Prés, em Paris). Encontra-se lá a tumba do ex-primeiro ministro sueco Olof Palme, assassinado em Stockholm em 1986 na saída de um cinema (em um daqueles raríssimos crimes que ficara na memória do país).
Durante minha caminhada, passei por um local bem interessante, uma espécie de rua-túnel apenas para pedestres, construída sob as escadarias que levam às entradas de casas mais altas (vejam a foto abaixo).
Um dos maiores destaques da região é a Hötorget (Praça do Feno), onde há uma feira de segunda a sábado e um mercado de pulgas aos domingos. Na praça encontram-se três lugares culturalmente importantes em Stockholm, a começar pelo Hötorgethallen, um mercado de especiarias (e outras coisas, como salas de cinema). Fica lá também a loja de departamentos PUB, onde trabalhou a estrela do cinema Greta Garbo. Mas a construção culturalmente mais importante é a Konserthuset (Sala de Concertos), onde ocorre, além de concertos, a entrega dos Prêmios Nobel (com exceção do Nobel da Paz, entregue em Oslo). O prédio em si, a meu ver, não é bonito. É basicamente um paralelepípedo azul com colunas neo-clássicas (eu diria quase modernas). Mas como abriga um evento mundialmente importante, acaba por impressionar.
Na sequência, fui conhecer a Stadsbiblioteket (Biblioteca Municipal), que fica em um agradável parque. Aproveitei para descansar e comer um pouco, sob o sol que enfim resolveu aparecer. Recomendo bastante a visita do parque, um dos poucos em Stockholm (em uma cidade tão cheia de árvores e próxima da água, quase não se sente falta de parques), pela área verde, pelas estátuas e, claro, pelo belo prédio da biblioteca.
Outro ponto alto de Norrmalm é o Kungsträdgården (Jardim do Rei), que começa às margens do lago Mälaren (não sei se comentei, mas oficialmente Stockholm fica às margens de um lago, e não do mar) e avança uns quatro quarteirões para dentro do bairro. É um ponto de encontro para a população e está bastante em alta na vida cultural da cidade. Atrai muita gente no ano todo, seja para sua pista de patinação, para ver as flores de cerejeiras ou ainda para tomar sol deitado na grama. E as casas ao redor são muito bonitas, harmoniosas e coloridas.
Ao lado do Kungsträdgården fica a Sankt Jacobs kyrka (Igreja de Santiago), uma modesta igreja vermelha, e a Gustav Adolfs torg, praça com uma estátua equestre do rei Gustav II Adolf, que não consegui fotografar por causa de trabalhadores desmontando uma espécie de palco. Lá fica também a Kungliga Operan (Ópera Real), uma construção que impressiona mais que a Konserthuset, mas ainda assim fica atrás de concorrentes de outros países europeus (a começar pelos franceses - ok, o Palais Garnier é difícil de bater).
Para finalizar o dia, fui visitar o Moderna Museet, que fica em Skeppsholmen, perto de meu albergue. Para quem gosta de arte moderna ou apenas de arte, vale bastante a pena. Há obras de artistas célebres como Dalí, Picasso, Matisse e Wahrol. Como o foco é arte moderna, e não contemporânea, o número de obras bizarras é relativamente pequeno. Gostei bastante de uma exposição temporária com telas com mensagens diversas, que vocês podem ver melhor em meu álbum Picasa.
Voltei para o albergue, jantei e, enquanto organizava minhas notas e meus folhetos, conheci mais um francês perdido no norte. Ele vinha de Chamonix (existem pessoas que nascem em Chamonix!) e cursava engenharia genética em Annecy (bela cidade, a propósito). E ele não seria o último.

Tschüss!!!

17/08/2010: Turku - Tampere

Oi pessoal!

19º dia de viagem:

13/08/2010: Orsa

Oi pessoal!

15º dia de viagem: pontualidade, fast food, parque dos ursos, brincalhão, dorminhoco, revoltado, feliz, preconceito, cidade grande, baladas, navio, sótão.

A noite de sono, como eu já esperava, foi muito tranquila. Como eu havia ido dormir cedo, acordei cedo também e fui dar mais uma volta pela cidade, antes de pegar o ônibus para o Orsa Grönklitt Björnpark. Foi nesta volta que eu fui ao cemitério da igreja ver as lápides de Zorn e de sua mãe (na véspera eu havia pego um folheto com indicações dos túmulos famosos).
O programa do dia era visitar uma espécie de zoológico dedicada a ursos, tigres, lobos e outros, o Orsa Grönklitt Björnpark (björnpark = parque dos ursos). O ônibus saindo de Mora foi super pontual, graças ao motorista, um senhor de uns 70 anos que me pareceu bem certinho. No percurso, que dura cerca de 30 min, vi o primeiro McDonald's dos últimos nove dias de viagem, o que mostra que o mundo não está perdido.
Chegando em Grönklitt, que eu descobri ser uma espécie de resort, tive que andar um pouco até descobrir onde era a entrada para o parque. Logo que entro, já deparo com um lobo correndo. Dentro de um cercado, claro. Vou tentar explicar como o parque é organizado. Como um zoológico, ele possuí várias ruas principais, ao lado das quais há "cercados" para os animais. Mas há uma grande diferença, pois os animais ficam em espaços tão grandes que quase sempre é necessário paciência e sorte para vê-los. A ideia é justamente imitar a natureza, onde você deveria, munido de binóculos, por exemplo, ficar parado em um ponto de observação apropriado para conseguir avistar algum animal. Assim, o lobo que vi logo na entrada foi um "achado", que imagino ter sido ajudado pelo fato de eu ter sido um dos primeiros a entrar no parque (mais tarde, os animais ficavam mais escondidos). Outro diferencial do parque é que ele não é plano. Há uma diferença razoável de altitude de uma extremidade a outra, suficiente para cansar as pernas de um viajante há 15 dias fora de casa. Há ainda plataformas de observação elevadas, onde você sobe para ver os ursos de cima.
Ignorando o lobo na entrada e um urso dorminhoco por que passei, o primeiro animal que vi foi um urso polar. Se minha memória não falha, foi o primeiro que vi em minha vida. Na verdade eram dois ursos, enormes (afinal, são os maiores carnívoros terrestres), mas jovens, que brincavam com um galão de plástico semi-preenchido com água, que simula um bloco de gelo ou um filhote de foca. De acordo com a responsável pela área, eles brincam com o galão até ele ser destruído. Depois disso, voltam para sua soneca.
Depois dos ursos polares, achei um tigre. Enorme, muito bonito e dorminhoco. No período que fiquei observando-o, consegui flagrar apenas uma "levantada". Mas acho que ele estava sonhando apenas, porque, como podem ver abaixo, nem abriu os olhos direito. Mais tarde, consegui tirar umas fotos legais dele do alto da plataforma. Eu não tinha binóculos, mas minha lente 55-200 mm ajudou bastante nessa hora (200 mm equivale a 11x de zoom)!
Passei pela hibernadora, um local criado, como o nome sugere, para os ursos hibernarem durante o inverno, e segui para as plataformas de observação. Lá eu fiquei um bom tempo, pois além de conseguir ver vários cercados ao mesmo tempo, é possível ver os entornos do parque. Dos cercados, o que mais chamava atenção era o de um par de ursos marrons. Um dele parecia bastante revoltado, batendo na porta do cercado como se quisesse destruí-la. Seu amiguinho já parecia bem mais tranquilo, o que me permitiu tirar vários retratos. Depois entendi o porquê da revolta: ele queria apenas ir para a parte maior do cercado. Só não entendi se eles fazem uma espécie de rodízio entre os vários grupos de animais ou se ele estava fechado para alguma manutenção.
Fiquei um pouco desapontado pois não consegui ver alguns felinos e a raposa vermelha, mas ainda consegui presenciar uma família de ursos comendo e um grupo de lobos brincando. A família era constituída por uma mãe e três filhotes (muito graciosos, obviamente) e já os havia avistado quando estava nas plataformas elevadas. Mas quando eu passava por uma das ruas inferiores notei uma aglomeração formando-se; fui ver e notei que funcionários estavam jogando dúzias de maçãs e outras guloseimas para eles. Infelizmente, as grades atrapalharam um pouco nas fotos, mas a óptica tornou o resultado bem interessante.
Enfim, antes de ir embora, fui despedir-me dos ursos polares, que estavam dormindo (não consegui avistar o pobre galão de plástico).
O ônibus de volta a Mora foi igualmente pontual e, como o percurso era mais demorado, pude até tirar uma soneca. Ainda tinha bastante tempo antes de meu trem para Stockholm, aproveitei então para almoçar, tomar mais um sorvete delicioso e passear pelo lago. Entrei também em algumas lojas, como a H&M, que notei ser preconceituosa até em seu país de origem, com cerca de 70% do espaço total dedicado à seção feminina.
Disse até logo para Dalarna e entrei no trem até Borlänge, onde eu peguei o trem que me levou até Stockholm. Muitas crianças foram embarcando no trem, imagino que para passar o final-de-semana na cidade grande. Notei que o trem fora restaurado, pois seu exterior lembrava vagões bem antigos, mas o interior era bem moderno e confortável.
A chegada em Stockholm foi tranquila, ou melhor, como esperado. A cidade é bastante agitada (principalmente sexta-feira à noite - no caminho até o albergue via boates por todos os lados), bem indicada e me pareceu, já à primeira vista, um tanto cosmopolita. As impressões visuais que tive nesse dia restringiram-se ao metrô, pois já estava tudo escuro e não se via muita coisa na rua. Sobre o metrô, me pareceu razoavelmente limpo, fresco e com estações bem decoradas (inclusive vi outro dia uma reportagem falando sobre o metrô de Stockholm, que em algumas estações lembra um museu de arte).
Não foi difícil chegar ao albergue, mesmo no escuro, pois tinha um bom ponto de referência: ele ficava parcialmente em um barco antigo atracado em uma das ilhas principais que formam Stockholm. Infelizmente, não consegui acomodação no barco. Tive que ficar em um mega-quarto no sótão do prédio principal (terceiro andar, se não me engano, e sem escadas), com cerca de 16 camas (os safadinhos não mencionam isso na hora da reserva). Como já mencionara e como podem imaginar, a noite de sono não foi nem um pouco parecida com as últimas que estava tendo.
Mas a perspectiva de conhecer uma das mais lindas cidades do mundo foi suficiente como consolo.

Arrivederci!!!

12/08/2010: Leksand - Mora

Oi pessoal!

14º dia de viagem: despertador, pedinte, decepção, madeira, confusão, crianças, cavalos, esqui, sol.

Depois de uma relativamente confortável noite de sono em uma couchette, fui acordado por uma funcionária da SJ responsável por despertar todos os passageiros que têm conexões e que não vão até o ponto final do trem. Fiquei surpreso ao descobrir que o atraso inicial havia sido recuperado e feliz ao saber que não perderia minhas conexões.
Desci em Gävle às 7h10 em ponto e às 7h20 já estava no moderno trem que me levaria à região de Dalarna, no centro da Suécia. O trem lembrava aquele da Raumabanen, com apenas dois vagões, mas bem decorado. Às vezes não dava vontade de sair dos trens, de tão legais que eram...mas é verdade que eles não são perfeitos. Nesse trem, justamente, havia uma senhora (que embarcara comigo em Kiruna) carregando um bebê e pedindo em linguagem gestual um telefone emprestado. Questões sociais à parte, o fato é que não gosto de pedintes...
De Gävle fui até Borlänge e de Borlänge até Leksand, a primeira cidade da região que eu visitei. Eu já sabia que a cidade era pequena, mas decidi passar lá assim mesmo, já que eu tinha um InterRail ativo. Mas ela me decepcionou um pouco. Talvez tenha sido parte culpa do tempo nublado, mas os únicos pontos que achei interessantes foram a Leksands kyrka e um daqueles "postes" usados nas celebrações recentes do solstício de verão. Mas devo dizer que a Leksands kyrka é uma igreja bem interessante, com aquelas cúpulas aceboladas e com um cemitério ao redor (típico nos países nórdicos).
Como Leksand tinha deixado a desejar, decidi visitar Rättvik (a grande vantagem de um passe ilimitado é a flexibilidade), cidade antes de Mora, uma das maiores da região e onde ficava meu albergue. Achei Rättvik mais interessante, por vários motivos. Primeiramente, pela posição em relação ao Siljan, o lago principal da região de Dalarna. A cidade fica bem às margens e há inclusive uma estrutura muito interessante de madeira, uma espécie de píer que adentra uns 600 m no lago Siljan, no fim da qual há uma ilhota artificial com bancos e árvores. De acordo com as informações do folheto do ofício de turismo, é a mais longa estrutura de madeira do tipo na Escandinávia e suponho que tenha sido construída com o dinheiro de doadores cujos nomes estão gravados em cada uma das tábuas que constitui o píer.
Há também uma igreja simpática, com um bem-cuidado cemitério ao seu redor (eu sempre via pessoas cuidando das flores e plantas), à qual se chega depois de atravessar um camping. Nesses campings você vê uns trailers bem grandes, outros mais modestos, todos bem interessantes. Lembro de mais de um com uma tenda acoplada ao trailer, formando uma espécie de varanda onde as pessoas ficam sentadas comendo e conversando, abrigadas do vento frio, dos mosquitos e da chuva. A propósito, despedi-me de Rättvik sob chuva e correndo, pois deixara ingenuamente meu guarda-chuva na mala no ofício de turismo.
Para minha sorte, do outro lado do lago Siljian o tempo estava bem melhor e o sol foi aparecendo à medida que a tarde ia avançando. Cheguei em Mora na hora do almoço, e justamente por isso meu estômago mimado começou a reclamar. Mas antes de almoçar, fui deixar minhas coisas no albergue.
Bem, eu já não tinha gostado muito quando não consegui achar um endereço único, mas a confusão veio mesmo quando eu cheguei lá. Resumindo a história, o endereço era da casa onde ficava parte dos quartos (que não incluía o meu, obviamente), na porta da qual havia um péssimo mapa indicando onde ficava a recepção. Descobri o mapa somente depois de entrar na casa, procurar pela recepção e não achá-la. Depois de um pouco de imaginação e sorte, cheguei ao restaurante-bar onde funcionava também a recepção. Fiz meu check-in e a mulher me explicou como chegar à casa onde ficava meu quarto. Depois de mais um pouco de sorte, cheguei enfim ao meu quarto. Ele era muito bom, com banheiro exclusivo e uma cozinha bem equipada dividida com os outros poucos hóspedes. No fim das contas, fiquei sozinho no quarto.
Fui ao centro da cidade, bem agitado, onde comi uma salada muito boa, que ao contrário do que eu imaginava me satisfez muito bem (ok, tinha bastante frango no meio da salada), e de sobremesa tomei um sorvete de laranja também muito bom. Na rua central, há muitas lojas, restaurantes e bancos para se sentar. Lá fica a primeira H&M 100% sueca que eu vi, inclusive (H&M é uma loja como a C&A, um pouco melhor e bastante presente na Europa).
A Mora kyrka também possui um cemitério ao redor e encontrei, em seu interior, jovens usando seu órgão. Fiquei impressionado em encontrar "crianças" sozinhas usando o órgão na igreja da cidade, mas como acho que fiquei mais intimidado com elas do que elas comigo, imagino que não tinham más intenções.
Bem perto da igreja ficam o Zorn Museum e o Zorngården, respectivamente o museu dedicado ao mais célebre cidadão de Mora, o artista Anders Zorn, e sua casa. Infelizmente, quando cheguei ao museu descobri que faltava menos de uma hora para fechar, então decidi continuar a passear pela cidade e deixar a visita para uma próxima ida a Mora. Pelo menos, pude ver sua lápide (com um "Z" que lembra o do Zorro) e a de sua mãe (um belo retrato em bronze, que se estivesse no Brasil certamente já teria sido roubado) no cemitério da cidade.
Passei ainda por uma feira de coisas diversas (flores, livros, utilidades e inutilidades domésticas etc.) e comprei um cavalo de Dalarna. Esses cavalinhos são produzidos artesanalmente na região, pintados em cores diversas e custam uma fortuna (o meu, de uns 5 cm de altura, custou 130 SEK = 13 € = R$ 30). Eles estão espalhados por todo lado, como nos parques de diversão para crianças, nas portas de lojas e até na forma de arranjos de plantas.
Voltei então para o albergue, tomei banho, jantei e saí de novo, para aproveitar o sol que ainda estava bem alto. Dei mais uma volta pelo lago Siljan e passei pelo Vasaloppet Museum, dedicado à famosa corrida de esqui cross-country, que acontece anualmente e vai de Sälen até Mora (cerca de 90 km). Antes de terminar, um pouco sobre a história da corrida Vasaloppet. Ela foi criada em 1922 e tem seu nome em homenagem ao rei Gustav Vasa, que foi obrigado a fugir de Stockholm depois de seus pais e outros nobres suecos terem sido assassinados pelo rei Christian II (à época, rei da Dinamarca, Suécia e Noruega - a União Kalmar). Durante a fuga, passou por Dalarna e, em Mora, tentou convencer os locais a organizar uma rebelião. A proposta não foi aceita e ele não viu outra opção a não ser fugir para a Noruega. Ele estava em esquis, e quando chegou a Sälen foi abordado por locais que voltaram atrás e decidiram aceitar a proposta de Vasa, que em 1520 venceu Christian II, acabou com a União Kalmar e foi coroado rei da Suécia. Lembrem-se de Vasa, seu nome será mencionado novamente em breve.

Tschüss!!!



11/08/2010: Kiruna

Oi pessoal!

13º dia de viagem: sincronia, Sámi, mina, templo, atraso, noite.

Mais uma vez, tive uma boa noite de sono, livre de mochileiros barulhentos que lotam albergues de cidades maiores/mais turísticas. Livre também dos mosquitos, que eu tanto temia, famosos no verão da Lapônia.
Meu despertador tocou à mesma hora que do alemão maluco que pretendia ir a Nordkapp e aproveitamos para tomar café-da-manhã juntos. Sua refeição foi a mesma da noite anterior: cereal matinal (??); a minha foi torrada sueca com cream cheese. Depois, cada um seguiu seu rumo: ele em direção ao Norte; eu em direção ao Kiruna Samegård, um centro de exibição de cultura Sámi.
O centro é um pequeno museu, com informações diversas sobre o povo Sámi. Descobri, por exemplo, que eles foram perseguidos pela Igreja, que possuíam fazendas com zonas distintas para o cultivo nas diferentes estações do ano e que eles foram bastante importantes no projeto da mina da LKAB em Kiruna, uma vez que conheciam muito bem a região, antes por eles dominada.
(fotos centro Sámi)
O tempo continuava muito bom em Kiruna, com aquele sol de verão nórdico delicioso. Dava vontade de ficar sentado/deitado sob ele o dia todo. Mas a principal atividade do dia exigia que eu me escondesse dele um pouco. Uma das principais atrações turísticas de Kiruna é justamente o local que possibilitou a construção da cidade: a mina da LKAB.
Para visitar suas instalações, basta ir ao ofício de turismo e inscrever-se. O preço é um pouco salgado (como o da mina de sal de Wieliczka), mas para quem gosta de passeios "diferentes" e técnicos, acho que vale a pena. A quantidade de informações que se recebe durante a visita é muito grande, por isso o que passarei aqui é um resumão dos pontos que achei mais interessantes.
A LKAB (Luossavaara-Kiirunavaara Aktiebolag) é uma empresa estatal sueca que foi criada no final do século XIX especialmente para gerenciar a extração do minério de ferro das montanhas Luossavaara e Kiirunavaara (Aktiebolag significa LTDA), que se encontram na região de Kiruna. De acordo com registros, a atividade extrativista já existia anteriormente, mas foi só nessa data que o governo sueco percebeu o potencial econômico e decidiu gerenciar a atividade.
A LKAB não está entre os maiores produtores de minério de ferro do mundo, mas se exibe com a boa qualidade de seus pellets. Abro aqui um parêntesis para explicar um pouco sobre como se transforma "pedra" em ferro/aço (aproveito para recordar minhas aulas de PMI). Como devem saber, o ferro metálico, assim como a grande maioria dos metais, não é encontrado sozinho na natureza; geralmente ele aparece na forma de óxidos. Acontece que mesmo os óxidos não se encontram "puros": ele vêm junto a outros materiais minerais, sem interesse econômico, chamados de ganga. No processo de extração mineral, zonas de uma mina são fragmentadas (perfuradas, explodidas e removidas) e os fragmentos passam por etapas diversas até que seja obtido o minério praticamente puro. Este minério pode estar em diferentes formas, e uma delas são os pellets, que lembram bolinhas de gude (um pouco irregulares). Acaba aqui a etapa de mineração e se inicia a de metalurgia. Estes pellets são acomodados em um forno gigante (alto-forno), onde ocorrem diversas reações químicas (a "principal" é a de redução do óxido de ferro) e se obtém o "ferro". Antes de se chegar ao produto final, que pode ser ferro-gusa, aço carbono, aço inoxidável ou outros, ele ainda passa por outras etapas de processamento. Fecha parêntesis. A LKAB exibe-se com seus pellets por um motivo importante: dependendo de sua forma e, principalmente, de seu conteúdo (teor de ferro), o rendimento do processo pode mudar muito (vale lembrar que a indústria metalúrgica é um dos maiores consumidores energéticos e emissores de CO2 do planeta). No caso da LKAB, tanto a forma quanto o conteúdo são muito bons: ela diz que suas bolinhas de gude possuem o formato ótimo para a redução no alto-forno e a magnetita de que são compostos é, de fato, o mineral com maior teor de ferro encontrado na natureza (ela é também relativamente rara). Vocês devem estar cansados de tanta informação técnica, então vamos agora a algumas curiosidades sobre a mina de ferro de Kiruna.
Os suecos tiveram a sorte de encontrar em Kiruna uma espécie de monobloco de magnetita. Ou seja, a montanha Kiirunavaara é praticamente uma montanha de magnetita. Além disso, um fato que ainda não mencionei e que é bastante relevante é que a mina é subterrânea. Para leigos, pode parecer um pouco comum, mas quem conhece um pouco de exploração mineral sabe que minas de ferro geralmente são minas abertas, dada sua extensão. A decisão de explorá-la dessa forma foi pensada: a céu aberto, seria muito difícil explorá-la durante os 12 meses do ano, visto que faz muito frio e neva muito no inverno. Debaixo da terra, a temperatura é praticamente constante. Mas a exploração subterrânea está trazendo problemas à cidade. O avanço da produção (começa-se explorando as camadas mais superficiais e depois vão descendo) tem provocado o afundamento da cidade. Isso mesmo, Kiruna está afundando por causa da mina da LKAB. Não é muito difícil entender o porquê: conforme parte do solo é fragmentada e removida, a outra parte acaba "caindo" sobre ela. Abaixo vocês podem ver algumas fotos da visita, inclusive uma ilustrando o processo de afundamento da cidade.
(fotos LKAB)
Como eu já disse, a influência da LKAB em Kiruna é bastante forte. Normal, já que a cidade foi construída basicamente para os trabalhadores da mina. Por causa do afundamento, muitas famílias têm deixado a região, mas a empresa luta contra isso. Ela já planeja deslocar a cidade para um novo local em breve (só não se sabe quão breve) e sinto que os preços baixos do mercado são subsídios promovidos por ela.
De volta à superfície, fui visitar o interior da Kiruna kyrka. Não chega a ser tão impressionante quanto o exterior, mas não deixa de ser bem exótico. Possui um belo órgão, como já mencionei, e lembra uma tenda/armazém, por causa da estrutura toda em madeira.
Eu ainda tinha algumas horas antes de meu trem, mas já tinha visitado a cidade toda. Então fiquei enrolando, sentado sob o sol e lendo os informativos da LKAB que ganhara durante a visita (ganhei também um saquinho com um monte de pellets - que trouxe para o Brasil!)
Chegava a hora do meu trem, voltei à casa amarela e peguei minhas coisas. Desta vez, a gravidade me ajudou a chegar à estação de trem, onde descobri que meu trem estava atrasado. Mais pontos deduzidos da imagem da SJ frente à NSB. Fiquei um pouco preocupado pois tinha conexões, mas no fim deu tudo certo. Este trem era noturno, mas só pude entrar na minha cabine depois das 19h (muito complicado para explicar...resumidamente foi por causa de meu passe InterRail). Até lá, fiquei no vagão normal, onde aproveitei para jantar.
O pôr-do-sol foi particularmente bonito, daqueles avermelhados, e foi minha primeira noite em cerca de 10 dias. No dia seguinte, estaria de volta à zona temperada.

Bis bald!!!

10/08/2010: Narvik - Kiruna

Oi pessoal!

12º dia de viagem: buffet, viking, mina, despedida, atraso, mão-dupla, 日本人, casa amarela, casas montadas, ausência, presença, templo, louco.

Minha última noite de sono na Noruega foi muito boa, em um quarto praticamente de hotel. O café-da-manhã também foi excelente, o melhor que eu tomei em muitos dias, com direito a buffet com pães, frios etc. Não vou dizer que foi uma surpresa, porque eu já esperava algo assim pelo preço da estadia, consideravelmente maior que o das outras cidades em que fiquei.
No café-da-manhã, tive um encontro inesperado com um alemão que esteve no mesmo albergue que eu em Stamsund (aquele que me emprestou a panela). Lembro de ter conversado com ele no dia anterior de manhã, saindo do albergue, e ele falara que precisava voltar à Alemanha no dia seguinte e não sabia direito qual o melhor trajeto. Fiquei impressionado com a falta de planejamento, principalmente quando se vai a um lugar tão longínquo e sem muita infra-estrutura. Meu caso era o extremo oposto, tanto que eu conhecia até alternativas a meus "planos A" para situações adversas. E foi assim que acabei ajudando-o, falando do aeroporto em Lofoten que ele poderia usar. Mas ele acabou não achando voos lá e teve que vir até Narvik.
Antes de deixar o hotel-albergue para meu city tour, uma dupla de turistas hispânicos, que ouviu nossa conversa sobre Lofoten, veio me perguntar sobre como chegar a Lofoten. Ele deram bastante sorte, pois à época eu era um expert em locomoção no arquipélago do bacalhau e acabava de vir de lá. Para ajudá-los, deixei meu livreto com os horários de todos os ônibus que circulavam na região.
Narvik é uma cidade bem peculiar, com ares bastante industriais herdados da ferrovia e do porto que escoam o minério de ferro da LKAB, empresa sueca de mineração. Como em Kiruna, dá para perceber que a cidade gira em torno da LKAB, com monumentos e construções referenciando a companhia. O nome Narvik é uma homenagem a um líder viking, que ocupou a região há alguns séculos.
A cidade fica em um dos mais setentrionais fiordes da Noruega, por isso dá para ver muitas montanhas ao seu redor, várias delas com neve nos picos. A primeira região da cidade que percorri foi perto de um lago, de onde se tinha uma boa vista dessas montanhas. Era uma região bem residencial, com casas bem bonitas e coloridas, todas de madeira.
De lá segui para a Narvik kirke, uma bela igreja de pedra que data de 1925, muito mais jovem do que parece. Sua torre é de um estilo bem recorrente nas igrejas nórdicas, paralelepípeda com uma espécie de agulha, como vocês podem ver abaixo. Infelizmente ela estava fechada, por isso não pude conhecer seu interior.
(foto Narvik kirke)
Não havia muito mais para se ver na cidade além da região central, onde fica a prefeitura, um prédio bem comum, como em Bergen. Na prefeitura, há vários monumentos em memória à 2ª Guerra Mundial, durante a qual a cidade foi tomada pelos alemães (muito espertos, queriam controlar o comércio de minério de ferro durante a guerra), como um pedaço de pedra que veio do ponto zero de Hiroshima (imagino que tenha sido descontaminado).
(foto pedra Hiroshima)
Há também um obelisco espelhado, um anfiteatro construído pela LKAB, várias estátuas engraçadas (como a de uma mulher carrancuda que não deixa ninguém sentar no seu lugar no banco da praça), uma fonte e um poste com placas indicando distâncias para lugares diversos. Eu estava a apenas 2407 km do Polo Norte, 3189 km de Paris e 512 km da casa do Papai Noel! Depois deste breve city tour, peguei minhas tralhas e fui para a estação de trem, despedindo-me da Noruega.
(foto placas distâncias)
A ferrovia que liga Narvik a Kiruna, na Suécia, é utilizada pela SJ, empresa sueca de trens, e não pela NSB. Neste meu primeiro contato com a SJ, o trem já atrasou. Bastante até, para os padrões nórdicos. Mais tarde, durante o percurso, percebi uma das causas: a linha é de "mão única" na maior parte de sua extensão e os trens de passageiros da SJ dividem os trilhos com as zilhares de toneladas de minério de ferro que os trens de carga levam ao porto da LKAB em Narvik. Mas eu estava de muito bom humor (nem preciso dizer que o tempo estava excelente), tinha bastante tempo para conhecer Kiruna e as paisagens eram muito bonitas. Inclusive uma das paradas é em Abisko, um parque nacional muito famoso, onde pessoas fazem trilhas em meio a nuvens de pernilongos. Eu estava oficialmente na Lapônia (para minha sorte e alívio, não vi um pernilongo durante minha estadia em Kiruna - vantagens da cidade grande). Em Abisko, só vi entrar várias pessoas com mochilões e roupas de quem faz trilha, incluindo alguns japoneses, que estão entre meus turistas favoritos (eles são muito engraçados).
Como eu disse, o percurso, que dura cerca de 3h, é muito bonito, passando por montanhas cobertas de vegetação e lagos. Lembro de dois homens meio malucos conversando em uma língua que não reconheci, de pé ao lado da janela completamente aberta (imaginem a ventania dentro do vagão...) e com binóculos e uma máquina fotográfica bastante arcaica (das de filme). As estações eram todas muito parecidas, construídas pela LKAB com intuito mais industrial. Como estávamos no meio do nada, não havia muita gente que descia/subia nessas estações.
Cheguei em Kiruna com 30 min de atraso acumulado, mas de bom humor provocado pelo belo céu azul. Não vou dizer que estava quente, porque não estava. Em Kiruna, mais ainda que nos outros lugares, percebi a diferença entre estar sob o sol e estar na sombra com vento. Sem exagero, a sensação térmica varia uns 15ºC (de 10ºC a 25ºC).
Infelizmente, a estação de trem em Kiruna fica no nível baixo da cidade, o que significa que tive que subir uma montanha com minhas malas. No trajeto até o albergue, fui criando minha primeira impressão da cidade: pacata, bonita, com bastante natureza e ao mesmo tempo forte influência da LKAB. Deixei minhas coisas no albergue, uma "casa amarela" bem aconchegante, e fui passear.
As construções em Kiruna são bem coloridas e algumas delas parecem de brinquedo. Notei também que a cidade é um pouco vazia (algo que será em partes explicado em breve), com pouco comércio e forte presença da LKAB, seja em monumentos à mineração, em patrocínios, no notável relógio da prefeitura, na casa de campo de seu fundador ou mesmo implicitamente na belíssima Kiruna kyrka, igreja construída pela LKAB.
Esta igreja é uma das construções mais belas que já vi. Inspirada no estilo do povo Sámi (povo original da Lapônia), de longe ela pode parecer uma construção vermelha qualquer, mas quando se aproxima dela, pode-se ver que ela foi feita encaixando-se "tijolos" de carvalho. Adornam a fachada algumas esculturas douradas, um painel representando uma cena bíblica sobre o portão de entrada principal. Neste dia, ela estava fechada para visitação, mas felizmente pude checá-lo no dia seguinte. Como de praxe, sentei em um banco em frente a ela e cansei minha retina, ao mesmo tempo que me bronzeava (de moleton) e que tomava um lanchinho.
O último lugar que efetivamente visitei nesse dia foi a Stadhus (prefeitura). Com seu belo e peculiar relógio em ferro (com direito até a badaladas), a fachada decepciona um pouco. Mas o interior compensa, e muito. Ela é praticamente um museu aberto a quem quiser entrar (ou melhor, a quem tiver cara-de-pau - como eu - de abrir a porta e entrar). Ele distribuem até folhetos explicativos sobre as poucas, mas simbólicas obras que abriga, como uma enorme tapeçaria, várias telas retratando a cidade sob diferentes aspectos (do trabalhador, da natureza etc), uma obra em madeira de autoria Sámi etc.
Antes de voltar ao albergue, comi deliciosas e gordas pâtisseries suecas, sentado na praça central e observando as pessoas suecas, e enfim fui ao mercado comprar meu jantar e suprimentos para os dias seguintes. Alguns dias depois, eu iria notar que os preços em Kiruna eram mais baixos que nas demais localidades do país. Algo estranho, se pensarmos em quão longe a cidade fica dos maiores centros distribuidores (Stockholm, por exemplo), mas que penso ser devido subsídios promovidos pela LKAB. Tudo fez sentido no dia seguinte, quando fiz um daqueles passeios que entram para a memória e de lá não saem mais, como a mina de sal em Wieliczka.
No albergue, conheço meu colega de quarto, mais um alemão (para não se enganarem, encontrei franceses no supermercado). Ele me pareceu bem doido, saiu da Alemanha com o intuito de chegar a Nordkapp, sem nenhum plano (ele era averso a planos). Conseguiu chegar a Kiruna de carona (???) e de lá, ainda não sabia direito que caminho tomar.

À plus!!!

09/08/2010: Stamsund - Henningsvær - Svolvær - Narvik

Oi pessoal!

11º dia de viagem: praia, mala abandonada, ioga, ferradura, bacalhau, peste, cenários, latitude máxima.

Um detalhe importante que esqueci de contar é que meu quarto no albergue em Stamsund ficava no primeiro andar da casa. Acho desnecessário mencionar que não havia elevadores, isso seria óbvio demais (acabei mencionando...). Mas o problema é que o acesso ao "primeiro andar" era por meio de uma espécie de alçapão, com uma escada do tipo móvel. Subir (e descer) aquilo com minha mala de trocentos quilos não foi fácil!
Em meu terceiro e último dia em Lofoten, eu pretendia visitar mais uma cidadezinha famosa, Henningsvær, além da maior cidade do arquipélago, Svolvær. Mas no meio do caminho decidi ficar um tempo em um dos pontos em que eu faria uma baldeação.
Infelizmente, não consigo lembrar o nome do lugar em que parei. O Google não conseguiu me ajudar, porque não era uma cidade nem um vilarejo. Estava no meio da estrada mesmo, com algumas poucas casas. O que me atraiu no lugar foi uma praia muito bonita, daquelas bem rasas, com água verde-claro. Para chegar até a praia, eu precisava atravessar uma rota bem estreita no meio do "mato", sobre pedras, por isso minha mala seria um grande empecilho. Pensei duas vezes e resolvi deixar minha mala em um "canto". Não havia quase ninguém por lá. Meu maior medo não era que a roubassem, mas sim que pensassem que era algo abandonado e que a jogassem no lixo. Felizmente, nada disso aconteceu.
Como acabei de dizer, o lugar era praticamente deserto, exceto por uma mulher fazendo uma espécie de ioga (fiquei bastante receoso em deixá-la envergonhada, visto que seus movimentos eram bastante ridículos) e um quarteto de turistas alemães na terceira idade com um cachorro muito obediente, que chegaram enquanto eu estava lá. Quando digo que fui à praia, talvez vocês imaginem algo como em Barcelona, quando fui preparado para me banhar, mas a verdade é que, desta vez, fui de tênis, calça e moleton com "touca". Estava bastante frio nesse dia, acho que foi o dia em que mais passei frio durante toda a viagem. Isso porque o céu estava bem nublado nessa hora e ventava um pouco. Estimo que fazia menos que 10ºC.
Eu fiquei na praia até meu outro ônibus chegar. Como estava no meio do nada, fiquei bastante receoso quando chegou a hora e nada do ônibus. Se ele não aparecesse, eu não tinha muita opção: era andar na estrada (eu não estava muito longe da cidade) ou pedir carona para um dos poucos carros que passavam por lá. Mais uma vez, felizmente nada disso aconteceu.
Não eram nem 10h quando já estava em Henningsvær. Esta cidadezinha tem um formato bem peculiar, formando uma espécie de ferradura, com uma montanha bem entre suas extremidades. Para evitar a fadiga, assim que cheguei deixei minha mala no ofício de turismo e fui de ponta a ponta da ferradura. A cidadezinha era repleta de barcos, uma vez que quase todas as casas davam para o mar, pois havia uma única rua na maior parte de sua extensão. Pelo que pude notar, Henningsvær é uma cidade "equilibrada", i.e., com um número compatível de residências e de comércio. Ou seja, parece que ela soube lidar bem com o turismo (até agora, pelo menos).
Almocei dentro do ônibus para Svolvær, o mesmo ônibus que me trouxera da praia-no-meio-do-nada. A este ponto, todos os motoristas da companhia local já me conheciam. Quando cheguei em Svolvær, o tempo estava excelente. Deu vontade de pegar minha mala e ficar por lá mesmo, de não ir embora de Lofoten. O céu estava completamente azul e o sol estava muito gostoso. Sabem aqueles dias de inverno em São Paulo, fresquinhos mas com bastante sol? Tirem o ar sujo completamente dégueulasse e voilà, era a atmosfera em Svolvær. A maior e mais importante cidade do arquipélago parece, à primeira vista, uma outra cidade norueguesa qualquer, com casas modernas, misturando diversos materiais de construção. Mas todos sabem que Svolvær está em Lofoten e que, ao virar uma esquina, poder-se-á avistar uma bela montanha emergindo do mar, com casinhas de pescadores de bacalhau e os bacalhaus propriamente ditos pendurados nos varais (bem, eu só vi os varais). Este é o charme de Svolvær.
Meu tempo em Svolvær foi suficiente para passear na feira da praça central, comprar um pacotinho de bacalhau seco (eu não poderia ir embora sem comprar o famoso bacalhau, não é?), subir até a igreja, tomar um pouco de sol no cais e tirar umas fotos. Falando em fotos, usei minha tática de me oferecer para tirar fotos de um grupo de franceses (que obviamente se espantou ao encontrar um brasileiro com cara de japonês falando francês na Noruega), para que então eles tirassem uma minha. Depois disso, tive que dizer ciao ciao a Lofoten e me contentar com as paisagens que via no caminho de volta ao continente, até Narvik. A propósito, as paisagens eram tão bonitas que dava vontade de pedir para o motorista do ônibus parar e me deixar ver um pouco melhor. O trajeto Svolvær - Narvik foi mais um entre os mais bonitos percursos de ônibus que já fiz.
Quando cheguei em Narvik, ainda estava cedo, cerca de 19h. O céu ainda estava claro, sem nuvens, mas o sol já não se via muito bem, escondido atrás das casas e das montanhas que cercam a cidade. Como eu teria bastante tempo no dia seguinte para conhecer a cidade, resolvi ficar no albergue - hotel descansando e me reconectando ao mundo. Aproveitei para me exibir no Facebook com a latitude máxima de 68°25′14″N a que eu chegara. Afinal, não sei quando chegarei tão perto do pólo norte novamente.

Hasta luego!!!

08/08/2010: Å - Reine - Leknes - Stamsund

Oi pessoal!

10º dia de viagem: rainha, asilo, teto solar, patriotismo, au revoir, banho de sol, pirata, desconforto, coincidência.

Acordei com o som das gaivotas, bem cedo, e aproveitei para dar uma volta pelo outro lado do vilarejo monossilábico. Tinha algum tempo antes do ônibus que pegaria até Reine, outro belo vilarejo, a cerca de 20 minutos de Å. Tirei mais algumas fotos e me despedi de Å.
Reine fica em uma espécie de península e é razoavelmente maior que Å. A cidadezinha me pareceu menos turística, com várias residências, um posto de gasolina, uma galeria de arte e até um asilo (acho que era um asilo). Mas os varais de bacalhau estavam por lá. Encontrei também muitas casas cobertas de "mato" (até hoje não descobri a função) e muitas bandeiras da Noruega. Acho que esqueci de comentar, mas senti que os noruegueses são bastante patriotas. Há bandeiras por todo lado, principalmente aquelas em formato mais alongado, como uma fita.
Em Reine despedi-me do casal francês (sim, eles me seguiram até no ônibus e eu os encontrei até em Å), que iria continuar suas aventuras acampando do outro lado do arquipélago (mais selvagem e sob maior influência dos ventos oceânicos). Eu tinha bastante tempo lá, então aproveitei para tomar [mais] um pouco de sol. Se tivesse um gramado, acho que ficaria por lá mesmo. Como não tinha, continuei minha viagem rumo a Stamsund, passando por Leknes, uma das duas únicas cidades de verdade em Lofoten.
Eu não tinha nada para fazer em Leknes, mas fui obrigado a passar por lá por conta dos horários dos ônibus. Confesso que fiquei bastante entediado, além de passar um pouco de frio, pois o sol estava escondido atrás das nuvens. O pouco que vi de Leknes me deu a impressão de uma cidade fantasma. Uma coisa é um vilarejo com poucas pessoas: você acha charmoso, bonito, pois a natureza fica com maior destaque. Mas uma cidade, com ruas de verdade, com poucas pessoas circulando é um pouco triste. Mas é verdade que era domingo e que, no verão, as pessoas não costumam ficar em suas casas. Talvez normalmente seja um pouco mais movimentado.
Quando meu ônibus finalmente chegou, antes de embarcar fui abordado por mais uma francesa, que quando descobriu que eu era brasileiro pediu meu e-mail, pois disse que queria vir ao Brasil e, assim, poderia me perguntar várias coisas. Fiquei um pouco sem graça, mas ela não parecia nenhuma terrorista, então eu dei. Até hoje, não recebi nada estranho...
Cheguei em Stamsund por volta das 18h30, mas ainda estava bastante claro (e ensolarado). Foi o albergue mais exótico em que fiquei até hoje. Além de parecer uma casa de pescador por fora, parecia por dentro também. Na verdade, não parecia, era. Isso significa que o acesso à tecnologia era bem limitado. Poucos acessórios elétricos, cômodos apertados etc. O dono era uma figura, parecia um pirata aposentado. Falando, pode parecer muito bonito, mas a verdade era que senti falta de um pouco de conforto. Tem gente (mochileiros de verdade) que adoram esse tipo de acomodação. Eu não sou uma delas. Apesar de ser bem tolerante, há certas coisas que fazem falta. Quando fui tomar banho, por exemplo, reparei que a água não esquentava. Quase gelei: "só faltava não ter nem água quente para tomar banho!" Felizmente, apenas não notei que era necessário colocar uma moeda de não-lembro-quantas coroas para acionar a água quente. Menos mal, vocês devem estar pensando. Verdade, o único problema é que eu não tinha trocado, por isso tive que ir até um mercado trocar meu dinheiro. E quando voltei, tinha gente no banheiro de novo...
Quando fui preparar meu jantar (macarrão e camarões frascos, uma ótima combinação de carboidratos e proteínas), percebi que não havia panelas. Ainda bem que tinha um alemão (que eu viria a encontrar novamente) que me emprestou a sua.
Antes de ir dormir, descobri uma coincidência surpreendente. Um de meus colegas de quarto era de Karlsruhe, aquela cidade alemã que visitei em 2008 com meu professor-orientador de iniciação científica e onde amigos meus estudaram por um tempo. Na verdade, ele achou isso muito mais surpreendente que eu, pois disse que ninguém conhecia Karlsruhe e que ela era uma cidade muito pequena. Enfim, coincidências são sempre surpreendentes.

Tschüss!!!

07/08/2010: Bodø - Moskenes - Å

Oi pessoal!

9º dia de viagem: círculo, peste, frio, pata do lince, caminhada, Elísios, palafitas, cabeça de bacalhau.

Quando acordei no trem, já estava perto de Bodø e um pouco acima do Círculo Polar Ártico, a cerca de 67ºN. Números significam muito para mim, e a latitude máxima a que cheguei (68º25'14''N em Narvik) é algo de que tenho muito orgulho. Talvez estejam perguntando por que fui parar tão longe assim. Acho que as fotos que mostrarei daqui a pouco dispensam maiores explicações. O nome da região é Lofoten, um arquipélago no extremo norte da Noruega, onde há sim civilização, principalmente de pescadores de bacalhau.
Para chegar a Lofoten, não há muitas opções. Se você tem um carro, pode ir de balsa ou via Narvik. De ônibus, apenas via Narvik. Dá também para ir de avião, em escassos e caros voos que partem de Bodø ou Tromsø (ainda mais ao norte). O trem não chegou lá (trem em arquipélago?). A última possibilidade é ir como passageiro de balsa, que parte de Bodø e vai até Moskenes. Foi por isso que fui parar em Bodø.
Assim que entrei na fila dos passageiros do ferry, notei que um casal de franceses me acompanhava desde Geiranger, na Golden Route, passando por Åndalsnes e por Trondheim. Quando entramos no barco, começamos a conversar. Obviamente eles se impressionaram quando viram um brasileiro com cara de japonês falando em francês com eles perto do pólo norte. Mas este não seria nosso último encontro.
O vento estava bastante forte durante o trajeto, o que dificultava as fotos, pois ele estava espirrando água. O tempo estava bem razoável: saindo de Bodø estava nublado, aí o tempo abriu no meio do caminho e, chegando a Moskenes, fechou um pouco de novo. No total, o trajeto dura cerca de 3h, durante as quais conversei um pouco com os casal. Coincidentemente, notei que o francês estava lendo Paulo Coelho. Não sei se ele reparou a coincidência, pois não comentou nada comigo. Chegamos a Lofoten por volta das 13h30.
Lofoten, como já disse, é um arquipélago, mas o que o torna especial é que as ilhas são montanhas, como os fiordes. Ao contrário dos fiordes, em que as montanhas formam cordilheiras, entre as quais o mar avança em direção ao continente, em Lofoten o que se vê são montanhas isoladas. Se eu tivesse que escolher os lugares mais bonitos que visitei até hoje, Lofoten certamente estaria entre os primeiros. A propósito, uma curiosidade: Lofoten supostamente significa "pata do lince", referência ao formato do arquipélago (vejam no Google Maps).
Vale ressaltar que, apesar de ser um destino turístico, a infra-estrutura não é muito desenvolvida, justamente para não provocar impactos desastrosos no meio ambiente. Assim, mesmo na alta temporada (Junho-Agosto), os ônibus - único meio de transporte público - são escassos. Na baixa temporada, são mais escassos ainda, por isso o jeito é alugar um carro ou bicicleta. Quanto à acomodação, não esperem nenhum luxo, mas preparem a carteira. Entrem no clima e aproveitem um apartamento em uma casinha de pescador (palafita), muito simpáticos.
Para chegar ao primeiro vilarejo que eu visitaria, e onde eu dormiria, tive que enfrentar uma longa caminhada à beira da estrada. Foram cerca de 5 km, mais de 1h carregando minha mala. Mas foi menos cansativo do que parece. Eu me sentia nos Elísios, o paraíso. Foi essa a sensação que tive durante os três dias que passei em Lofoten. Tudo é muito tranquilo e bonito, um lugar excelente para descansar a mente. Minhas preocupações de retorno ao Brasil, a essa hora, estavam bem guardadas em meu córtex cerebral, sem me incomodar. Na verdade, elas só me incomodariam no aeroporto em Helsinki.
O nome do vilarejo em que comecei minha breve jornada pelas ilhas Lofoten é Å (pronuncia-se "ó"), que fica na extremidade sul do arquipélago. As casas em Lofoten são todas muito parecidas, geralmente coloridas em vermelho e azul, muitas delas construídas sobre a água, como era o caso do meu albergue. Em quase todos os vilarejos, há espécies de varais de madeira em que bacalhaus são pendurados na primavera, ficando lá até secar. Na época em que fui, eles já haviam sido retirados e o que sobraram eram apenas as cabeças, guardadas em alguns galpões. Para aqueles que sempre se perguntaram se bacalhau tinha cabeça, eis a resposta: sim, mas elas ficam em Lofoten!
Os bacalhaus, as palafitas, as montanhas e o mar formam um cenário muito bonito, que vocês podem ver abaixo.
(fotos)
Mesmo cansado, eu não queria ir dormir. Fiquei olhando as outras ilhas, as gaivotas e o sol se pondo atrás das montanhas dentadas, sentado à beira daquele mar gelado.
Ah, para quem estiver curioso, o Google Street View já cobre Lofoten. E aparentemente as fotos foram tiradas durante a época de secagem dos bacalhaus. Não é difícil encontrá-los: só há uma estrada perto de Å.

Arrivederci!!!